quarta-feira, 29 de março de 2017

Orientação Escolar e Vocacional


O Programa de Orientação Educacional e Vocacional termina hoje a sua segunda fase. Já só falta mais uma.
Deixo-vos uma brochura da Direcção Geral da  Educação para continuarem a procura ativa das respostas às vossas questões.  Este guia é dirigido a ti e a todos os estudantes que sentem necessidade de pensar sobre a sua vida escolar e profissional e sobre o seu futuro como cidadãos.

Os alunos e o processo de Orientação.

Boas Férias
Verónica Raulino

sexta-feira, 17 de março de 2017


Pode a Educação ser verdadeiramente Inclusiva sem serviços de Psicologia?


In Obsetvador.pt


Urge dotar as escolas de psicólogos em permanência, que possam estar na linha da frente de práticas que apostem na promoção, prevenção e na intervenção precoce, em detrimento da remedição.


No centro da atual discussão sobre educação inclusiva em Portugal e do seu alinhamento com as exigências oficiais europeias e internacionais, torna-se imperativo perspetivá-la como um direito de todos os alunos, sem exceções.
Há quase 20 anos no exercício da psicologia em contexto escolar e enquanto recurso especializado, integro uma cultura educativa ela própria inclusiva dos seus diferentes participantes e serviços. Colaboro em experiências educativas que visam a inclusão plena dos alunos e a qualidade do ensino-aprendizagem. E é neste contexto que participo e observo mais-valias na construção de projetos educativos e de currículos, flexíveis e suficientemente diferenciados, verdadeira e legitimamente acessíveis para todos os alunos.
Contribuo para associar à educação e ao currículo oportunidades do aluno desenvolver as suas soft-skills, através de programas sustentados de promoção de competências socioemocionais ou de promoção da saúde e bem-estar psicossocial. E estou certa de que estes programas ajudam na prevenção de comportamentos de risco tão mediatizados como a violência escolar, entre outros.
Colaboro em projetos de tutoria especialmente pensados para o desenvolvimento global e sucesso escolar de todos os alunos, não apenas dos que experienciam insucesso escolar. E em outros tantos, que promovem neles competências para comunicar, interagir positivamente e resolver problemas, através do respeito mútuo, tolerância e aceitação do outro, colocando em perspetiva como a inclusão faz funcionar a diversidade. Incluo finalmente a promoção de valores que provoquem no aluno a responsabilidade social, preparando-o para ser socialmente interventivo e capaz de transpor a sua experiência de inclusão educativa para ações comunitárias de inclusão social.
Enquanto psicóloga escolar, apoio a escola e os professores na adequação das estratégias e respostas educativas, através de intervenções focadas na aprendizagem e/ou no comportamento, e na avaliação sistemática das necessidades e progressos dos alunos. Desta forma, professores e psicólogos garantem esforços conjuntos, soluções e práticas pedagógicas diferenciados e personalizados, de acordo com as necessidades, estilos de aprendizagem e o perfil de cada aluno em particular e do grupo-turma em geral, assegurando a respetiva qualidade educativa, em prol da equidade.
Um dos maiores contributos da intervenção psicológica para a educação inclusiva assentará, sem dúvida, na própria inclusão das famílias. Mais do que um ato pedagógico, a aprendizagem é um ato social de interação e a qualidade das relações e interações podem transformar os alunos, o seu desempenho e a escola. Por isso, é papel dos serviços de psicologia escutar também as vozes dos alunos e das suas famílias sobre quais as suas necessidades, facilitar a sua participação em tomadas de decisão e o seu compromisso com a escola.
Urge uma mudança de paradigma! Urge dotar as escolas de psicólogos em permanência, que possam estar na linha da frente do desenvolvimento de práticas que apostem na promoção, prevenção e na intervenção precoce, em detrimento da remediação. Urge reconhecer o seu contributo para o desenho de intervenções mais abrangentes e menos restritivas, portanto mais acessíveis a todos e mais conducentes ao sucesso educativo dos alunos e das escolas e a uma maior qualidade de vida destes. Creio que esta, sim, seria uma mudança efetivamente mais sustentadora do verdadeiro sucesso educativo e de uma educação verdadeiramente inclusiva!
Vice-presidente da Ordem dos Psicólogos Portugueses